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domingo

afazeres

uma corda que espera por roupa molhada, querendo se impor estendal. um tacho de molho, forrado a arroz queimado, anseia sabor a mar, querendo confeccionar, um polvo bem cozinhado ou um outro peixe bem amanhado.  o pó, contente, nunca foi tão largado, deixado quieto, tão sossegado. o cotão baila pelos cantos, esquecido, tão bailarino, tanto que segreda ao vento, como gosto que me toques assim. as cortinas encardidas, esvoaçam felizes,  lançam o cheiro a tantos dias, a tantas festas e fantasias. as gavetas desarrumadas, as meias desalinhadas, as cuecas desorganizadas. o bidê zangado, a banheira surrada, a sanita desconfiada ... era assim, mais ou menos assim, também ela tão deixada, encostada ao tempo, arrumada, guardada, vazada, não amargurada ou pouco amada. não. estava ali, só.
e aguardava.

"se você não se atrasar demais, posso te esperar por toda a minha vida" - Oscar Wilde 

6 comentários:

Vício de Ti disse...

Falta saber o que a fazia aguardar :)

Gostei do pormenor do "cotão" com sotaque do Porto fica tão lindo :))

Beijocas :)

Casaert disse...

Gbeijo!

Anónimo disse...

Mas que javardice vai nessa casa, foda-se!!!
Trate lá de se organizar, caralho!

:)

lugar lotado disse...

Vício, nem ela sabe, certamente...

Beijo

lugar lotado disse...

Casaert, beijo!

lugar lotado disse...

Anónimo Antunes, acho que deu folga à empregada doméstica!

Beijo