dizia-se oliveira, era na verdade uma oliveira. não sei quantos anos teria, a oliveira, se plantada por quem mandou construir a "casa do avesso" ou parida pela farta pedra do terreno, que em júbilo ofertara o melhor de si. uma oliveira, estéril, de tom granítico embelezada a folhagem abundante.
todo o alimento, toda a água do pequeno terreno em sobressalto rochoso alimentava a sua cria, ainda assim, brilhava ao sol sem resplandecer umas escassas azeitonas caganitas, que nem aos bicos dos pardais fazia graças.
no lugar da "casa do avesso" a oliveira vivia igualmente do avesso ou atravessada pela mesma maleita da ignorância ou talvez zangada numa proveniência anti-natura do avesso.
a oliveira viveu muitos anos, mês sobre mês a fio, só, naquele terreno caduco em harmonia com as pedras, centrada em si e para si.
houvera um março, que alguém, ingenuamente ou julgando-se iluminado ousara contrariar eunuco quinhão, forçando a um futuro próximo um laço de possível amizade.
plantou-se uma semente de feijão.
o feijão, que era verde, nascera em estaca, alçado nas melhores canas verdes da aldeia. tinha excelente ar, com talo vivaço, cor certa e sorrisos desenhados nas folhas, vagens nem vê-las.
a amizade não fora travada.
no inverno seguinte a oliveira morreu.
no lugar da "casa do avesso" a oliveira vivia igualmente do avesso ou atravessada pela mesma maleita da ignorância ou talvez zangada numa proveniência anti-natura do avesso.
a oliveira viveu muitos anos, mês sobre mês a fio, só, naquele terreno caduco em harmonia com as pedras, centrada em si e para si.
houvera um março, que alguém, ingenuamente ou julgando-se iluminado ousara contrariar eunuco quinhão, forçando a um futuro próximo um laço de possível amizade.
plantou-se uma semente de feijão.
o feijão, que era verde, nascera em estaca, alçado nas melhores canas verdes da aldeia. tinha excelente ar, com talo vivaço, cor certa e sorrisos desenhados nas folhas, vagens nem vê-las.
a amizade não fora travada.
no inverno seguinte a oliveira morreu.
Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. Vergílio Ferreira em A Nossa Morte