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sexta-feira

serial banal

não lhe conhecia o conteúdo. Era um corpo que gritava sentires acabrunhados, onde habitava constantes pensamentos pisados, onde residia em recheio palavras enganadoras, no entanto, onde se julgava puder morar outros. Mas não, era um só, um corpo chão a ser viajado por rancores.

Bem parecido, gozava de pouco amor e a pouca estima que lhe sobrava, vertia por formato acne. Trazia nele um louco de olhos pensados a ver mundos. Talvez, só traduzissem dramas teatrais, como as rugas leves escritas na testa, não fossem mais que o único desejo de nunca estar só.

Sem mostrar quem era, enrolava mulheres sábias a papel de arroz, com perícia de mestre e em lamber de palhaço. Depois, acendia-as a chama branda, via-se a trava-las, fumando-as e soltando-as em fumo levado a vento bailarino.

Restou-lhe por fim o medo, na ausência de conteúdo. Melindrando à imaginação, por seus saberes virem a ser julgados, colados a um  carácter infiel, de igual forma a uma vontade de agarrar areia fina de uma praia do norte.

Sentiu um frio manipulado, um rígido arrepio que se tornou constrangedor às paredes de seu estômago. Fingia mais um bem-querer, que findou sem efeito.

Entendeu então, em própria traição, que não lhe chegava belo corpo. Dançou, um rodopiar incerto e inseguro em beldade. Ainda tentou, em esforço, esticar a mão ao último traço feminino que tivera em sorte numa sobra, mas o dia acabou.

E sem perceber o porquê, acarinhou-se ao seu solitário corpo de impostor. Não antes de se livrar de tamanho tabefe.

4 comentários:

Sérgio disse...

Porque um belo corpo não chega mesmo... (e o da foto até é giro :b)
Bjs

lugar lotado disse...

Mas que bom corpo aqui te vejo ;). Sê bem vindo a esta mesa de refeições Sad eyes,

e não, nem só de corpo vive o bem-querer.

Beijo

Black label disse...

Ainda bem que nem tudo ( leia-se todas) têm de terminar "em tamanho tabefe"..uiiiii Mas muito bem feito para ele..seu impostor !!rsrsr

lugar lotado disse...

;)