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quinta-feira

breve fábula 1 (continuação)


perdeu a oportunidade de miar o quanto gostaria de a acompanhar num gole do seu café ou sair ao lado dela abandonado também ele a janela.
Não era afinal o gato dela e assim tudo se tornava mais limitado. Nunca teria o prazer de seus afagos, os que tanto desejava, quanto mais os apertos ou mesmo os beijos confessados de amor por quem estima. Este era um estado de gato, limitado por uma distância física. Vivia incondicionalmente de admiração. 
Sabia-a sozinha. Não que conseguisse ver através das paredes, mas a varanda fazia semanas que era mais vazia, desocupada das funções de lugar de fumos ou de simples contemplações de paisagem por quem se dedica a esses estares profundos de alma.
Tinha a certeza que ela estava abandonada, mesmo porque a cozinha deixava de ter o já acostumado uso. 
Esperou mais um pouco, não voltasse ela para confirmar se quereria mesmo um cafézinho. Não voltou. 
Amanhã seria outro dia, outra manhã, chegaria a seu focinho o mesmo aroma a café de hoje e ele logo saberia o que fazer para aceitar tal oferenda. 
Virou costas, saltou da fonte, misturou-se com o mato que rodeava o sitio e impulsionou o corpo em salto para o telhado do barracão circundante.  
(continua)

4 comentários:

Shiver disse...

e que desperdício não usar a cozinha :)

Dear Zé disse...

A menina já sabe (creio), mas oficializo a ocupação do lugar.
Mui agradecido.

Vá toca a abrir as cortinas, o intervalo já se faz grande. :)))
Beijo

lugar lotado disse...

ela também acha!
Beijo Shiver

lugar lotado disse...

MY DEAR, claro que sei, eu sei tudinho :P
quanto às cortinas, como diz no título é uma breve fábula, que nunca mais acaba :) logo tanta cortina para abrir :)

Beijo e volta