breve fábula 1 (continuação)

estava mesmo alucinada. Confirmaria mais tarde que sim!

As saídas nocturnas acompanhadas por excesso de álcool, o pouco dormir e as pílulas tomadas de forma descontrolada, causava um estar zumbi.

Revelava visões difusas, realidades pouco prováveis. Ouvia vozes de um além que lhe pareciam tanto de próximo como de familiar. A pele turva e dorida, quase ferida, pelo acumular de disparates e por um âmago magoado, abria fendas e deixava escorrer maleitas pelo corpo.

Saiu da varanda meia tonta, gingona, maluca. De tal forma que ao sair da porta da cozinha lixou um ombro na ombreia. Parecia não conhecer as dimensões do seu palácio.

Estava feliz e pouco preocupada agora com as dores. Levava nos lábios um desenho de luxuria, embriagada por um deslumbre visual. 

No lugar do gato estava uma criatura adonisada. Alegre vislumbre, tão sereno, tão belo. 

Trocaram um sorriso meigo e um aceno de mãos.

Saiu, realizada, de casa.

(continua)