um olhar distante, era o que ela trazia sempre que espreitava à janela. Já não com o mesmo encanto. Era vago, fugidio a padecer ausência. Como quem se desfaz num seu ser e nos olhos deixa deslaçar a paisagem.
Nos olhos grandes, dele, reflectia-se o tombo de quem inventara um sonho. Já não se podia confiar nos olhos daquela gata...
A tristeza assombrava agora a janela nua. Onde já não haviam abraços, já não se despiam o já nus de um dia. Onde já não se perdia muito tempo.
O gato baixou a cabeça, o corpo murchou a sua elegância. Desceu devagar da fonte, caminhou lento, sem saltos vigorosos ou balanços com talento.
Era o silêncio o que passava, a química de outrora era um rasto do que nunca houvera. Ele sentia-se um acetato translúcido. Os olhos dela já não se cruzavam com os dele. E o amanhã não se saberia se um dia fora ou se existira algum dia naquele lugar.
Enquanto gato, não se lembrava de viver um dia parecido àquele, tão triste.
(continua)
4 comentários:
:D bom
Shalom!
Dizem que se pode sempre confiar no que os olhos transmitem... Mas quem sou eu para saber destas coisas :D
Um beijo!!!
Casaert OBRIGADA ;)
DoisSaboresEla, és uma mulher que sabe dessas coisas ;)
Beijinho
Obrigada por vires a esta mesa com essa frequência doce.
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